03/01/06

E porque o prometido é devido...

Início de dia algo titubeante, em termos de actividade intestinal. Antes da 1ª ida ao trono de 2006, alguns peidos envergonhados animaram uma longa manhã pós revellon. Peidos esses, reconheço-o, de arte basfond. Pouco barulho, algum cheiro, mas nada que outras ressacas não tivessem batido claramente.
Ao fim da tarde, a 1ª cagada do dia. Alguns cagalhões amarelados, denunciando uma longa orgia de super-bock. Pouca quantidade, odor típico de ressaca, longos rastos na loiça, sinais tipicos de periclitância estrutural e de consistência nas amostras em analise.
Há que dizer em meu abono que ainda não havia ingerido sólidos, e especialmente café. Só agua.
Fim do dia, jantarada opípara como se quer num domingo. No menu constavam dois acepipes que prometiam dar que falar: couve lombarda sob a forma dum caldo verde consistente, e uma pratada de massa (sem ovo) com peitos de frango e cogumelos frescos. Couve e massa, a mistura era explosiva. Para acrescentar rastilho a este paiol de TNT em metano, um revigorante café – o 1º do dia.
O que se seguiu, passadas umas horas, foi o esperado: ao final da noite os meus intestinos acordaram do longo torpor, dando inicio a um sessão memorável de peidos, cujos contornos sonoros assumiram todas as formas com que o ouvido humano já se regalou. E com que bela sonata de peido me brindei, caros leitores, que estarão certamente invejosos de tal desidrato. Não haveria de passar mais que ¼ de hora de intervalo de espaço entre 2 peidos, e foi a noite toda neste festim volátil. No meu magestático sofá, 2 mantas protegiam-me do frio. Subitamente, era acometido por impetuosa e quase ingovernável vontade de abrir alas a mais um flato inopinado. A recompensa vinha sobre a forma de um cavernoso trovão, com que o meu organismo castigava as infelizes molas do meu sofá. “Trrrrrrrrrrrrrrrooooooooooooooooommmmmmmmm………….”, ouvia eu a troar das entranhas do meu desventurado móvel.
Depois, qualquer movimento sob as ditas mantas me fazia chegar às narinas aromas dos mais pútridos buquets.
Orgulhoso e exaltante, aguardava com expectativa o advento de mais um retumbante peido. E ele não se fazia rogado, e sem se fazer anunciar, aí estava ele, altivo e brioso: “Puuuuuuuuuuuuuuuuííííííííííímmmmmm………….”. Desta vez, um “voo de abelha” picava implacavelmente em direcção às almofadas, desferindo sem qualquer sombra de dó, a sua fétida ferroada.
Nessa noite, a minha sala foi o Scala dos peidos, e o meu rabo o Caruso da aerofagia. Num memorável desempenho, foi o tenor numa memorável récita (e não, não vou fazer trocadilhos com opera bufa…) flatulenta, das melhores que aquele anfiteatro pode assistir.
Já de madrugada, nova visita à loiça concedeu à actuação o merecido final feliz: desta vez, uma genuína cagada de ressaca, daquelas de encher a piscina da sanita, fartas e fedorentas como só as cagadas de ressaca podem e sabem ser.
O artista teve o final do recital que desejava, e afinal de contas, o final que merecia.
Um verdadeiro happy end ao melhor estilo hollywoodesco…