08/08/05

sobre o peido nos habitáculos (dedicado ao amigo Vasco - com a devida vénia - que me sugeriu este tema para post)

Se há sitio onde gosto de me peidar, é a bordo de carros.
Sempre que algum amigo compra carro, tenho que o estrear da melhor forma que sei, que é largar uns belos peidos nos bancos da viatura, de preferência com o dono a bordo, gabar-me disso dando-lhe conta de tal, ver a reacção entre o incrédulo e o enojado, ouvir os respectivos comentários do proprietário, que andam à volta de “ cabrão, o carro chegou ontem, e tu já me fizeste isto” ou “porra, isto vai ficar com este cheiro o dia todo”.
O gozo de peidar num carro balança entre o egoísmo puro do peido sem interlocutor directo, i.é., quando não temos ninguém a bordo, ou da pura sacanice de peidar num habitáculo geralmente acanhado, com mais pessoas a bordo, que têm que suportar o cheiro pelo menos por alguns segundos, que são de pura gozo sádico para o peidante, sendo que os outros não têm outra solução que não seja a de abrir a janela resmungando entre dentes uma série de insultos da mais variada espécie.
Se a coisa for em dia invernoso, chega a ser vil um tipo de coisas destas.
O gozo que está associado ao peido no habitáculo tem graus de intensidade diversos, conforme a sua natureza.
No peido a solo, sensação de gozo e orgulho é similar à do peido dado na cama, quando dormimos sem companhia claro. É um prazer quase onânico, uma pura masturbação volátil e metânica. Peidamo-nos, celebramos e orgulhamo-nos do nosso peido com um amor parental, como celebraríamos o sucesso dos nossos descendentes. Com a diferença que não conseguimos dar-lhes beijinhos e abraços.
No peido acompanhado, trata-se apenas da pura intenção de lixar o próximo. É semelhante ao gozo de peidar num transporte público, ou numa fila duma repartição, mas com a diferença de que os gaseados sabem quem os gaseou. É, no fundo, uma “solução final” ao melhor estilo nacional-socialista, mas em pequena escala, e sem as consequências nefastas desses eventos. Temos um momento joseph mengele, embora atenuado

Outra particularidade do peido a bordo, tem a ver com a natureza dos estofos. Os estofos de pele favorecem os peidos sonoros. Um rasgador assenta sempre bem numas baquets reccaro, que lhe aguça as notas altas, realçando-lhe todas as oitavas de que é capaz. A chatice é que o cheiro não entranha em bancos de pele, o que torna frustrante qualquer tentativa de fazer um campo inteiro num habitáculo ornado com bancos de pele.
Os bancos de tecido, por seu turno, são óptimos para peidos fétidos, porque o cheiro entranha, e perdura ad eternum no habitáculo, o que torna qualquer viagem nestas condições numa tortura impar. Um bom peido fétido nuns bancos de tecido ou de veludo, garantem pelo menos 5 minutos de caras enojadas, e uns bons 15 minutos de expressões como “foda-se, ainda cheira. Que nojo”.
Uma ultima palavra para os peidos em carro dotados de ar condicionado. São extremamente eficazes, pois quando o ar condicionado vai ligado, as janelas estão sempre fechadas, o que assegura a sua durabilidade. Depois, a circulação de ar encarrega-se de tornar qualquer peido num campo inteiro, bem como asseverar a eternização do mesmo, embora numa versão fresca. Isto é, como devem ser servidas as melhores vinganças...

3 comentários:

Anónimo disse...

Eu que o diga!
Ambos os meus carros desvalorizaram com os teus peidos de merda, provenientes dos teus lanches de meia noite compostos de feijoadas e cozidos com enchidos em abundância. bahhhhhh.

Unknown disse...

Não esquecer a couve lombarda devidamente acompanhada de bocks e ou coca-cola!!

Foka_bock disse...

afinal o antónio é capaz de expressar um amor parental... nem que seja pelos seus fétidos petizes... agrada-me!